Um pouco sobre a história da fotografia | Parte 1
Você consegue imaginar um mundo sem os inseparáveis smartphones e Instagram? Um mundo no qual a fotografia é um processo lento que é impossível de se dominar sem anos de estudo e aprendizado? Esse mundo existiu até 1973. Mas, antes de falarmos sobre o que aconteceu daqui para frente, voltaremos um pouco mais no tempo.
O ano era 1900 e a câmera Brownie, foi lançada no mercado por apenas um dólar, e é considerada por muito especialistas como a câmera mais importante já fabricada. Os motivos? Primeiro o seu preço, que permitiu que todos pudessem comprá-la. Segundo, o valor dos seus filmes que poderiam ser adquiridos por menos de USD 2,00. E terceiro, por ela ser portátil, sendo assim, foi possível levar a fotografia para as ruas.
Já em 1925, surgiram as lâmpadas de flash, e possibilitou a captura de imagens em lugares escuros, como por exemplo, dentro das residências da época. Ainda durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, surgiu o filme negativo colorido, seguido das fotografias instantâneas, em 1948 (BLAIR, 2011).
A REVOLUÇÃO DIGITAL
Steven Sasson era um jovem engenheiro, de apenas 22 anos, que em 1973 começou a trabalhar na Eastman Kodak. Dois anos depois, ele reinventou a fotografia.
Na época ele inventou o processo que permite que nós fotografemos com nossos smartphones, enviemos fotos para todo o mundo em segundos e compartilhemos estas fotos com milhões de pessoas. Este processo arruinou a indústria fotográfica, além de desencadear cerca de uma década de reclamações de fotógrafos profissionais, que estão aflitos com seus futuros profissionais.
Segundo Sasson, a descoberta desse processo desencadeou uma série de eventos que foi considerado por ele como algo muito maior do que apenas uma câmera, pois representou um sistema fotográfico para demonstrar a idéia de uma câmera totalmente eletrônica que não usava filme, nem papel, e muito menos consumíveis na captura e exibição de imagens fotográficas estáticas (THE NEW YORK TIMES, 2015).
O processo desde a captura até a reprodução demorava cerca de 54 segundos. Os seus principais processos estão destacados a seguir: 50 milissegundos para capturar a imagem; 23 segundos para gravá-la na fita cassete; e 30 segundos para reproduzir esta fita em uma unidade de reprodução. O resultado final era uma imagem em preto e branco de 100 por 100 pixels (THE NEW YORK TIMES, 2015).
Na época, tamanha revolução não foi vista com bons olhos e os principais argumentos eram de que a impressão esteve disponível por mais de 100 anos, e ninguém estava reclamando delas, além de serem baratas. Soma-se a isso o fato de que muitos acreditavam que ninguém gostaria de ver suas fotos em um aparelho de televisão.
Muitas objeções tiveram origem nos setores de marketing e negócios. A Kodak detinha o monopólio do mercado fotográfico, nos Estados Unidos, e faturava em todas as etapas do processo fotográfico.
Finalmente, a primeira câmera digital foi patenteada em 1978, e foi batizada de câmera fotográfica eletrônica. Cerca de quase 10 anos depois, Sasson e Robert Hills, criaram a primeira câmera digital Single Lens Reflex (dSLR), também conhecida como SLR. Ela tinha um sensor de 1,2 megapixel e usava compressão de imagem e cartões de memória (THE NEW YORK TIMES, 2015).
A patente da câmera digital de 1978 ajudou a Kodak a ganhar bilhões de dólares, uma vez que a maioria dos fabricantes de câmeras digitais pagou à Kodak pelo uso da tecnologia.
A Fairchild comercializou a primeira câmera CCD (1976), a MV-101, que foi usada para inspecionar os produtos Procter & Gamble. Passado cerca de um ano, a empresa Konica começou a comercializar a primeira câmera compacta point & shot, do mundo, a C35-AF. Contudo, somente em 25 de agosto de 1981, quando a Sony apresentou a primeira câmera com o nome Mavica (CNET, 2007). Eu já falei sobre a câmera da família Mavica neste post.
Meus pais tiveram excelentes câmeras analógicos para fotografar os nossos momentos familiares, e eu sempre fui apaixonado por elas, desde criança.
Entretanto, quando tive o primeiro contato com a Mavica, fiquei maravilhado e senti que uma maré de mudanças estava começando. E de fato estava, uma maré sem volta.
Léo Farias
Em realidade, a Mavica era uma câmera com televisão analógica. Ele armazenava imagens em disquetes de duas polegadas. O tamanho do CCD era de 570 por 490 pixels em um chip de 10 x 12mm. A sensibilidade à luz do sensor era ISO 200 e a velocidade do obturador foi fixada em 1/60 segundo. Ah, e funcionava com pilhas AA.
Considera-se o ano de 1990 como o que de fato foi marcado pela comercialização da primeira câmara digital verdadeira, a Dycam Model 1.
Em breve continuaremos, e obrigado pela leitura! 🙂
Referências Bibliográficas:
BROWNIE CAMERA. The Brownie. The One That Started It All! Disponível em: <https://www.brownie-camera.com/5.shtml>. Acesso em: 2 jun. 2020.
CNET. Photos: The history of the digital camera. Disponível em: <https://www.cnet.com/news/photos-the-history-of-the-digital-camera/>. Acesso em: 3 jun. 2020.
BLAIR, James P.; STUCKEY, Scott; VESILIND, Priit. Novo Guia de Fotografia National Geographic. São Paulo: Ed. Abril, 2011. 400 p.
THE NEW YORK TIMES. Kodak’s first digital moment. Disponível em: <https://lens.blogs.nytimes.com/2015/08/12/kodaks-first-digital-moment/>. Acesso em: 2 jun. 2020.